BIMBA DE BODE: "CURTINDO O SENSO COMUM"

                     *Por Luciano Aguiar
Maria Fumaça, anunciava-se nos canaviais de Murici, com seu berro ensurdecedor nos becos e esquinas que cortava. Na estação, o frenesi do badalo do amarelo ouro, mitigava a angústia da espera dos que desciam e subiam no deslizar paralelo do vapor. E assim sendo, foi...

As confraternizações desengatam as comportas da memória: Na Praça da Igreja Matriz, os meninos reuniam-se no coreto para ouvir os mimosos recados das paqueras pela repetidora municipal. Os barcos rústicos de madeira subiam e desciam pela tensão da corda e a roda gigante circulava o universo dos “matutos” do corte da cana, que vislumbravam a noite de óculos escuros, como vagalumes sem lanterna.

A vida fluía. Nos intervalos festivos tinha-se um arsenal de  brinquedos e brincadeiras fenomenal. Soltar pião era muito mais que uma arte, os de goiabeira roncava pelas enfincas. Garrafão eram “deliciosas” lixas nos que chegavam atrasados. Rouba-bandeira era divertido. Jogava-se avião, com passos de Saci Pererê. Ximbra com pontaria e seus papões em triângulo. Pedalar bicicleta contra pedal era uma arte. Pesca na beira do rio mundaú, em baixo dos bambuzais, era piaba certa. O mundo era muito mais encantado.

Hoje, a tecnologia do instantâneo, sufocou a criatividade, detonou o mundo lúdico e jogou o sentido de solidariedade nas fantasias plantadas nas redes “sociais”. Não nos conhecemos, curtimos o senso comum...Segue nós...













*Luciano Aguiar é Colunista do Blog Ferreira Delmiro