União dos Palmares – Dos 240 milhões de doentes com esquistossomose no mundo, 20 milhões estão no Brasil. Alagoas, apesar de não ter uma notificação precisa de vítimas do parasita schistosoma, segundo o Ministério da Saúde, é o Estado com o maior índice de doentes no Brasil. Entre a população de 3,3 milhões de alagoanos, cerca de 2,5 milhões vivem em áreas contaminadas. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, quanto ao tratamento, dos 1.590 portadores do parasita, apenas 501 foram tratados, o que mostra uma cobertura baixa de 31,5%. Mas o número de pessoas contaminadas é muito maior. Os registros oficiais carecem de precisão.
O município de União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana, é um dos pontos críticos. Parte da população está doente e não sabe, atestam os médicos e os próprios doentes. “É difícil não encontrar uma pessoa que vive na beira do Rio Mundaú e não esteja com ameba
(verme entamoeba histolytica, que provoca a doença amebíase) ou schistosoma”, disse o lavador de carros mais conhecido do município, Edmilson Maurício da Silva, que atende pelo apelido de “Edmilson do Lava a Jato”.
Ele confessa: “Fiz os exames e descobri que tenho os dois vermes [ameba e schistosoma]”. Edmilson desconfiou que alguma coisa na barriga dele estava errada quando perdeu o apetite, passou a sentir enjoo o tempo inteiro e a ter febre. “Os exames deram positivos. Já estou em tratamento e os médicos me disseram que o pior já passou”. Sorte dele. O lavador de carros trabalha com a água do rio. “O pessoal que trabalha comigo fez exames e ficou comprovado que quem não tem o schistosoma está com ameba ou outro tipo de verme”.
Alexandre Vitorino trabalha como ajudante no lava a jato do Edmilson e também foi contaminado. “Eu senti as mesmas coisas: enjoo, febre, falta de apetite; mas os médicos disseram que tenho vermes comuns”. Ao ser questionado se sabia onde tinha se contaminado, disse, sem vacilar: “Com a água do rio. Eu trabalho com ela todo dia”.
O banheiro que os lavadores de carro utilizam fica na beira do rio. Quem tem o parasita no corpo contamina o rio pelas fezes que caem no Mundaú.
Fonte: Gazeta de Alagoas