Uma valiosa substância do misterioso universo das abelhas é alagoana. Aprópolis vermelha é um extrato produzido a partir de uma seiva encontrada no rabo-de-bugio, uma vegetação dos manguezais do estado. A patente do produto é de Alagoas e o ouro rubro, como é conhecido por muitos pesquisadores, atrai a atenção da comunidade científica de diversas partes do mundo. O registro da própolis vermelha confirma que o produto possui propriedades diferentes dos outros doze tipos de própolis já catalogados no Brasil.
Extrato é encontrado no rabo-de-bugio, no mangue de Alagoas
FOTO: DIVULGAÇÃO
A saliva das abelhas transforma a seiva encontrada nos mangues numa espécie de "cimento", utilizada para revestir a colmeia. Rica em vários compostos, a própolis vermelha tem surpreendido pelas propriedades ativas em ações antibacterianas, antifúngicas, antivirais, anti-inflamatórias, além de alto poder cicatrizante e ação antioxidante, atuando na prevenção do envelhecimento precoce.
O pesquisador da própolis vermelha e mestre em análise de alimentos e segurança alimentar, Victor Vasconcelos Carnaúba, comemora as conquistas das novidades em relação ao extrato alagoano. "O produto é 100% natural e as pequisas ainda não relatam nenhum efeito colateral, o que é um impositivo para torná-lo ainda mais importante", destaca.
De acordo com as descobertas mais recentes, a seiva vem demonstrando resultados positivos no controle de diabetes, hipertensão, câncer e HIV. Em relação ao diabetes, a própolis regula o controle da glicose no sangue. Na hipertensão, atua como vasodilatador (aumenta os vasos sanguíneos), melhorando o fluxo do sangue.
A própolis tem servido como complemento no tratamento do câncer, porque ajuda a eliminar os radicais livres, que estão ligados aos processos degenerativos do organismo. Nas pesquisas de HIV, a seiva tem impedido que o vírus se reproduza nas células, diminuindo os sintomas da síndrome.
Victor Vasconcelos durante manuseio da própolis vermelha
FOTO: FERNANDA LINS - GAZETAWEB
"Em doenças como câncer e HIV, as drogas sintéticas têm efeitos muito pesados e negativos, que contribuem até para o abandono do tratamento, como a queda de cabelo, diarreia, náuseas e manchas na pele, ao contrário dos medicamentos encontrados na natureza", explica Victor Vasconcelos. O pesquisador enfatiza que a própolis vermelha não é usada como substitutivo do tratamento, mas como complemento, atuando, muitas vezes, na prevenção.
Durante as últimas pesquisas, Victor Vasconcelos descobriu outra qualidade da própolis vermelha: a seiva é um poderoso conservante natural de alimentos. "Fiz testes com queijo coalho e iogurte e o extrato melhorou em até 10 dias o tempo de qualidade na conservação dos produtos", relatou.
Uso do ouro rubro
Fernando Barbalho tem 33 anos e usa a própolis vermelha há mais de 10 anos. O apicultor, além de usuário, também é produtor do extrato, na Barra de Santo Antônio, litoral norte de Alagoas. "Com o produto tem um sabor forte, eu não costumo misturar com outros alimentos e, normalmente, consumo de 5 a 10 gotas por dia em um copo com um pouco de água ou algumas gotas com café", sugeriu. O apicultor também usa para fazer gargarejo e aplica diretamente nas feridas. "A minha resistência a doenças oportunistas como gripes e viroses aumentou bastante depois do uso", resumiu Fernando.
O advogado Líbio Rocha teve a mesma sensação de imunidade. Utilizando a própolis vermelha há um ano e meio, ele percebeu que tem adoecido bem menos. "Minha imunidade aumentou consideravelmente. Pode ser coincidência, mas desde que comecei a usar, não tive nenhum resfriado, virose, ou amidalite, algo que sofria com certa frequência", disse Líbio.
O pesquisador Victor também usa a própolis vermelha. "Se administrado de maneira correta, não há contra-indicação e pode ser usado em crianças a partir de 5 anos de idade, de 5 a 7 gotas diárias. Para os adultos, de 10 a 20 gotas", sugeriu.
Prata da casa
Incentivo à pesquisa com a própolis vermelha pode ajudar apicultura
FOTO: FERNANDA LINS - GAZETAWEB
Por ser encontrada na vegetação litorânea exclusiva de Alagoas, a própolis vermelha tem sido motivo de orgulho para as instituições e profissionais que pesquisam o composto no estado. Apesar da patente local, muitos pesquisadores de fora do estado e, até do país, têm vindo pesquisar a substância e, muitas vezes, por falta de incentivos, podem até desenvolver novas tecnologias com um produto da terra. "É preciso valorizar um produto que é nosso, com excelentes propriedades biológicas", ponderou Victor Vasconcelos.
A cadeia que envolve a própolis vermelha está muito além da produção e venda do produto. Victor ressaltou o papel social dessa descoberta, reconhecidamente local. "Antes, os apicultores só ganhavam com o mel da abelha, agora existe um valor agregado, que valoriza a atividade e ainda enobrece a nossa pesquisa. Temos que nos orgulhar do produto, ainda há muita coisa boa para se descobrir", conclui.
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