FGTS e Empréstimos: o desmantelamento dos direitos trabalhistas



O governo vai autorizar a utilização do FGTS como garantia para operações de crédito consignado. A medida depende de votação no Congresso Nacional e prevê o uso da multa e de até 10% do saldo da conta vinculada, conforme noticiou o Valor em sua edição de hoje. O impacto estimado pelo governo com a medida é de até R$ 17 bilhões. (Fonte: http://www.valor.com.br/politica/4414780/governo-apresenta-medidas-para-ampliar-o-credito-em-r-83-).

Está em curso a derrocada de uma série de direitos trabalhistas no Brasil. Num sintético resumo histórico a CLT fora criada como forma de compensar os reflexos das desigualdades econômicas, nivelando-as no plano jurídico. Os discursos contrários a tal proteção persistem sob várias matizes. A principal é a propagação da ideia de que a Justiça do Trabalho guarda parcialidade em proveito do trabalhador engendrando assim aumento substancial nas despesas do empreendimento e por vezes inviabilizando-o.

A persistência e a fluidez de tais assertivas criaram um ambiente propicio à intervenções desregulamentadoras das garantias trabalhistas. Prova disto é o indicativo por parte do Governo Federal em autorizar a disposição dos valores depositados na conta vinculada do trabalhador como garantia a novas operações financeiras de empréstimos bancários. Não bastasse as reformas no plano previdenciário e na forma de concessão do seguro-desemprego, o governo dos trabalhadores entrega a última garantia ao sistema financeiro.

Segundo os meios de comunicação a medida visa injetar na economia uma média de R$ 17 bilhões de reais, reaquecendo a economia. Os valores podem chegar a R$ 25 bilhões caso o limite de garantia do FGTS aumente a 15%. Na tão propalada crise econômica internacional o Brasil abraça de vez a tese chinesa da desregulamentação das relações trabalhistas, afastando as garantias da tutela do Estado, ampliado a desigualdade material através do endividamento em massa com vistas ao aumento dos lucros do sistema bancário.


Apesar da Medida Provisória ainda não ter sido editada, ela pode ser uma chave para entender a necessidade criativa de um ambiente de crise econômica como forma a exortar a salvação - armadilha - imposta por um governo totalmente subalterno a interesses econômicos alheios as necessidades do povo brasileiro.