*Por Luciano Aguiar
No imaginário coletivo do
velório, tudo era festa. No salão, durante a farra, não se lamentava a morte
anunciada do mandatário da viúva, de enlaces sucessivos e patrimônio
delapidado. No entorno, a bisbilhotar entre rotulas, os órfãos chiavam às
escondidas o leite derramado na caneca alheia do carrasco... Delmiro Gouveia e
seus “homens foices” iniciam a degola, uns dos outros, na festa de emancipação,
na porta do Palácio Municipal.
A zabumba puxa pelo fole do poder. Com as
cinzas de carnaval, de “caras pintadas” e sem máscaras, um leque de filhos
pródigos avançam em direção ao pau de sebo. Lá nas alturas está dependurada a
chave do erário público.
O baralho está posto,
começam as intenções do traçado, corte e solta das cartas às escuras. Quais são
os pares nessa eleição de interesses de pouca valia para a sociedade? Os
jogadores estão eufóricos, querem conquistar o poder a qualquer custo, mesmo
desbotados de propósitos, para uma cidade polo no Alto Sertão Alagoano.
A “defesa” de bandeiras
esfarrapadas, como: melhoria na educação, saúde, habitação, esporte... etc, faz
parte da culinária dos candidatos sem propósito que, quase sempre, são traíras
num ninho de cobras. O relancinho é o
jogo mas adequado, é simples, todos entendem o que se joga. Mas o jogo que se
joga é morte certa, cartada financeira, um novelo de intenções de mando em
todas as direções.
A cidade e seus cidadãos têm
pago um preço altíssimo, com sucessivas guerras feudais, pelo domínio do poder
político. Precisamos “lavar” a roupa, mais que suja, de forma pacífica, pela
convocação de um fórum suprapartidário, independente da diversidade política,
capaz de arquitetar uma alternativa democrática de sociedade justa e fraterna
para Delmiro Gouveia.
O silêncio incomoda o Santo,
dantes, o rio corria sozinho... Segue nós.
* Luciano Aguiar é Colunista do Blog Ferreira Delmiro