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STF libera conteúdo da delação dos donos da JBS

Wesley (dir.) e Joesley Batista, donos da Friboi, durante evento em São Paulo em agosto de 2013 (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress/Arquivo)

O Supremo Tribunal Federal liberou, nesta sexta-feira (19), o conteúdo das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, no âmbito da Operação Lava Jato. As delações foram homologadas pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.
Um dos materiais divulgados é a íntegra do pedido da Procuradoria-Geral da República para investigar o presidente Michel Temer. No pedido, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que houve “anuência” de Temer ao pagamento de propina mensal para o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por parte de Joesley.
Também foram liberados os vídeos da delação dos donos da JBS. Assista.
Depoimento de Joesley Batista - Termo 11
Depoimento de Joesley Batista - Termo 02


Depoimento Joesley Batista - RS-05May17-15.06-Dep6
Depoimento de Joesley Batista – vídeo Termo 04 - Relacionamento Ministério da Agricultura
Desde a última quarta (17), quando o jornal "O Globo" noticiou pela primeira vez o que os irmãos Batista haviam informado aos investigadores, os impactos no mundo político têm sido os mais diversos.
No Congresso Nacional, por exemplo, surgiu o movimento a favor do impeachment do presidente Michel Temer, liderado pela oposição. Além disso, Aécio Neves (PSDB-MG) foi afastado do mandato de senador por determinação do STF (entenda mais abaixo).
Um dos principais pontos das delações dos donos da JBS revelado até agora é a gravação de uma conversa entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-presidência, em março deste ano.

Segundo o jornal "O Globo", Joesley informou aos investigadores que, nessa conversa, ele e Temer discutiram a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Lava Jato, com o objetivo de evitar que ele fizesse delação.

Trecho de áudio de gravação da delação da JBS: "Tem que manter isso, viu?", diz Temer
Após "O Globo" veicular a reportagem, ainda na quarta, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou uma nota à imprensa na qual confirmou que Temer havia se encontrado com Joesley Batista, masnegou que os dois tivessem conversado sobre como evitar uma eventual delação de Eduardo Cunha.
Na quinta, foi a vez de o próprio presidente falar sobre o assunto. Temer fez um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual disse, entre outras coisas, que não pediu a Joesley que ajudasse Cunha, não comprou o silêncio de ninguém e não teme delação, concluindo: "Não renunciarei. Repito: não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos."
'Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção de meus atos', diz Temer
Ao colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, Temer ainda disse que vai "resistir" e, se for preciso, fará outro pronunciamento. "Vou sair dessa crise mais rápido do que se pensa", declarou o presidente.
Diante do que foi relatado pelos delatores aos investigadores da Lava Jato, o ministro Luiz Edson Fachin autorizou, a pedido da Procuradoria Geral da República, a abertura de um inquérito para investigar o presidente Michel Temer.
A oposição já apresentou oito pedidos de impeachment de Temer. Além disso, articuladores políticos do governo foram informados que parlamentares da base aliada defendem que o presidente renuncie.
Governo perde apoio de 4 partidos e Temer já tem 8 pedidos de impeachment

Aécio

Ainda de acordo com o jornal "O Globo", Joesley Batista também entregou ao Ministério Público Federal gravação na qual Aécio Neves (PSDB-MG) pede a ele R$ 2 milhões para pagar as despesas com advogados que o defendem em processos na Lava Jato.
Gravação revela que Aécio pediu R$ 2 milhões a Joesley Batista
Com base no que os delatores informaram, o ministro Luiz Edson Fachin determinou o afastamento de Aécio do mandato de senador.
Além disso, o Ministério Público Federal pediu a prisão do tucano, mas Fachin rejeitou e não levará o caso a plenário, que só poderá tomar uma decisão sobre isso se a Procuradoria Geral da República recorrer.
Na manhã desta quinta, a irmã de Aécio, Andrea Neves, e um primo do senador afastado, Frederico Pacheco de Medeiros, foram presos pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento nos episódios narrados pelos delatores da JBS.
Aécio Neves lê a notícia sobre a citação a seu nome na delação dos donos da JBS (Foto: Jorge William / Agência O Globo)Aécio Neves lê a notícia sobre a citação a seu nome na delação dos donos da JBS (Foto: Jorge William / Agência O Globo)
Aécio Neves lê a notícia sobre a citação a seu nome na delação dos donos da JBS (Foto: Jorge William / Agência O Globo)
À tarde, Aécio, afastado do mandato, comunicou em nota que havia selicenciado do cargo de presidente nacional do PSDB e indicado o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para ocupar a função interinamente.
"Me dedicarei diuturnamente a provar a minha inocência e de meus familiares para resgatar a honra e a dignidade que construí ao longo de meus mais de trinta anos de vida dedicada à política e aos mineiros em especial", dizia um trecho da nota do senador afastado.
"Aguardarei com firmeza e serenidade que as investigações ocorram e estou certo de que, ao final, como deve ocorrer num país onde vigora o Estado de Direito, a verdade prevalecerá e a correção de todos os meus atos e de meus familiares será reconhecida", concluiu Aécio.

Manifestações

O conteúdo das delações gerou reações também em parte da população. Foram registradas manifestações em 29 cidades de 21 estados e no Distrito Federal nesta quinta. Todas elas pediam a saída de Temer da Presidência.
Após pronunciamento de Temer, capitais registram protestos
Análises
Assista abaixo a algumas análises dos comentaristas políticos da GloboNews sobre as delações dos empresários Joesley e Wesley Batista:

Gerson Camarotti e Cristiana Lôbo

"É o presidente da República ouvindo crimes", diz Camarotti

Natuza Neri

“Qualquer que seja a solução, precisa ser muito rápida”, diz Natuza

G1