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Reativação de dessalinizadores muda a vida de famílias sertanejas em Alagoas

Água, um dos recursos naturais mais abundantes do planeta Terra é quase raridade em determinadas comunidades do Sertão Alagoano. A estiagem e o clima quente predominante na região são fatores constantes da seca do Nordeste. A luta diária por um gole dessa bebida mostra o quão importante ela é para a vida de homens e animais. 
Mas, o que pouca gente sabe é que a região é abundante em água, sendo que, mais de 90% é imprópria para o consumo, devido à alta concentração de sal. Para ficar própria para o consumo humano e animal, são necessários alguns processos de filtragem. Com isso, apenas 40% é aproveitado, enquanto o restante é descartado, porque os níveis de sal se elevam, tornando-a impossível de ser consumida.
Com o passar dos anos, governos Federal e Estadual investiram em sistemas de abastecimentos para levar água para as famílias dessas regiões. Muitos desses sistemas ficaram para trás e muitas vezes gastava-se milhões de reais em carros-pipa, mas que não conseguia ser o suficiente.
Em julho de 2015, a Gazeta de Alagoas trazia uma reportagem que denunciava o abandono de dessalinizadores por parte do governo do estado, enquanto milhões eram destinados para o aluguel de caminhões que realizavam a distribuição de água em lugares atingidos pela seca. 
Sistema de dessalinização executa o tratamento da água do Sertão
FOTO: SECOM ALAGOAS




















Em paralelo, o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), que acabara de iniciar uma nova gestão executiva no estado dava início ao Programa Água Doce. Por meio de investimentos com recursos próprios ou do governo federal, deu-se início à construção de poços e de reativação e construção de novos sistemas de dessalinização em municípios do Sertão alagoano.
Desde o início do governo Renan Filho (PSDB), mais de 50 sistemas de dessalinizadores foram entregues em Alagoas e foram perfurados mais de 600 poços em comunidades carentes dos municípios sertanejos. Segundo a Semarh, mais de 50 mil pessoas foram beneficiadas 
A dona de casa Maria Valério, de 53 anos, moradora da zona rural de Piranhas, no Alto Sertão alagoano, conta que muitas vezes as famílias ficavam reféns dos proprietários de fazendas que cobravam por cada balde de água retirados das nascentes, enquanto esperavam a ajuda do governo.
"Às vezes, não tínhamos dinheiro pra pagar, aí a gente tinha que andar quilômetros até achar um pequeno açude onde colhíamos água. Era a mesma que bois e cavalos utilizavam para beber e tomar banho, mas era a nossa única opção", contou Maria.
Secretário Alexandre Ayres destaca os investimentos na área
FOTO: ARQUIVO
De acordo com o secretário Alexandre Ayres, os recursos para projetos que levariam água para as famílias que sofrem com a seca estavam nos cofres do Poder Executivo desde 2012, mas não foram utilizados e corriam o risco de serem devolvidos.
"Os recursos estavam parados e muitos dessalinizadores foram se degradando devido à falta de manutenção. No início de 2015, retomamos o programa e firmamos um convênio com o Ministério do Meio Ambiente e conseguimos mais R$ 10 milhões para tocar o projeto", explicou.
A próxima etapa da Semarh é entregar mais 150 sistemas até o final de 2018, triplicando o número de pessoas beneficiadas com o programa.
"Depender da vinda do caminhão com água era difícil, porque nem todos os dias ele vinha e às vezes a água estocada acabava rapidamente. Com o sistema, tenho acesso rápido e fácil e o suficiente para atender a minha residência e de todos que moram aqui na comunidade", explicou José Cícero, de 61 anos.
MUDANÇA DE VIDA NO AGRESTE
Um dos sistemas de dessalinização foi entregue à uma comunidade no município de Estrela de Alagoas. Como 60% da água filtrada não pode ser devolvida para o meio ambiente, devido à alta concentração de sal, tanques são construídos para o armazenamento do líquido.
Como a vazão era muito elevada (75 mil litros/hora), a comunidade encontrou uma alternativa de renda. Eles iniciaram a criação de tilápia e tornaram-se referência nacional. 
São 750 pessoas atendidas que contam, atualmente, com 7 tanques, sendo 6 viveiros para criação de tilápia e um tanque para o concentrado, que é enriquecido com material orgânico e utilizado para irrigação da planta atriplex, conhecida popularmente como erva-sal. Ela é resistente à salinidade e pode ser transformada em forragem para ovinos e caprinos.
A vazão dos sistemas no Sertão é de, em média, cerca de 2 mil litros/hora, muito abaixo do mínimo exigido para a implantação da Unidade de Demonstração.


GaetaWeb.com
Comunidade em Estrela de Alagoas e a criação de tilápia
FOTO: ASCOM SEMARH