O surto de sarampo está avançando entre
índios da etnia Yanomami, na fronteira entre Brasil e Venezuela. Até esta
sexta-feira (13), 67 casos da doença foram confirmados só entre indígenas da
região, segundo o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena Yanomami e
Iekuana (Dsei-Y).
De
acordo com o Dsey-Y, a doença está atingindo principalmente índios venezuelanos
sanumã - um subgrupo da etnia Yanomami - que vivem na região de Auaris, na
Terra Indígena Yanomami.
O
surto da doença entre os índios começou em 19 de março, quando uma yanomami foi
diagnosticada com a doença. De lá até hoje, outros 66 casos da doença foram
confirmados entre os índios. Desses, 59 foram em índios sanumã venezuelanos e
sete em brasileiros. O surto se concentra em 11 aldeias - cinco delas na
Venezuela.
Além
dos casos constatados entre os índios - que estão contabilizados nos 200 casos
confirmados de sarampo em todo o estado - outros nove ainda estão em investigação. Seis deles
são em venezuelanos e três em brasileiros. Um óbito relacionado à doença já foi
registrado entre os yanomami.
Segundo Rousicler de Jesus Oliveira,
coordenador do Dsei-Y, o avanço no número de casos é preocupante e está
diretamente relacionado à baixa vacinação entre os índios venezuelanos. Há
relatos de que muitos caminham por dias para cruzar a fronteira e buscar atendimento
médico no Brasil.
"Não
temos controle algum da doença entre os índios venezuelanos, até porque a
vacinação entre eles é muito baixa. Eles estão adoecendo e vindo para o Brasil
em busca de ajuda em razão da falência do sistema de saúde venezuelano".
De
acordo com ele, entre os indígenas yanomami brasileiros a cobertura vacinal
está em 80%.
"O impacto do sarampo entre os
yanomami brasileiros não é tão grande porque a maioria está imunizada, e nós
estamos trabalhando para aumentar a cobertura vacinal na região".
Há
poucos dias, a ONG Survival alertou para o avanço da doença entre os índios e
afirmou que uma epidemia entre eles pode ser desvastadora, porque, além de não
terem sido imunizados, não têm o sistema imune com resistência para combater
vírus e outras moléstias.
Além
disso, conforme Manoel Pereira Filho, responsável técnico pela vacinação do
Dse-Y, a circulação do vírus do sarampo - doença altamente contagiosa - é ainda
mais fácil entre os índios.
"A forma como os índios vivem, em
aglomerações, torna o contágio muito mais fácil", explicou, acrescentando
que ações de vacinação estão sendo intensificadas na região para tentar conter
o surto. "Estamos vacinando índios venezuelanos e brasileiros".
Roraima
está em surto da doença desde março, quando uma criança
venezuelana foi diagnosticada com sarampo. Até agora são 200
casos confirmados da doença e quatro óbitos - três venezuelanos e o indígena
yanomami brasileiro.
Por: G1