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Água Branca com sabor de rapadura


A cidade sertaneja de Água Branca mora no meu coração e, neste período de inverno, o frio é o principal atrativo da cidade. Além do seu Festival de Inverno que acontece de 3 a 5 de agosto, independente de quaisquer eventos, o município é bom do verão ao inverno, o tempo é sempre bom para o sorvete de rapadura do engenho São Lourenço, a feira típica de interior nas segundas-feiras, dos cestos de palhas da comunidade da Serra das Viúvas (Comunidade Quilombola).

Como estamos no inverno alagoano,  onde o sol marca presença, vamos até Agua Branca, reviver o meu roteiro publicado em 2016:


Aroma da rapadura – O Engenho São Lourenço, de 1920, é um do patrimônio cultural e gastronômico da cidade, produzindo rapadura, açúcar mascavo e alfenim (doce) orgânicos. No Engenho também tem restaurante e uma das estrelas é o sorvete de rapadura. Quem faz bem o sorvete  é Silvia Medeiros, alagoana de Delmiro Gouveia, casada com Mauricio César Brandão, herdeiro do “Vó Lenço”, fundador do Engenho.
A história do sorvete começou quando um cliente de Paulo Afonso, que já tinha provado a iguaria no Picui, em Maceió, sugeriu que Sílvia, como tinha  engenho, deveria fazer incluir a receita em sua produção. Silvia recorreu a receita da mãe, mudou até a quarta vez, mas, finalmente, deu certo.

Outro sorvete imperdível é o murici, fruto do sertão, tem um pouco de azedinho. Amei. E olhe que dá um trabalho! Da fruta pequena só se usa a pele, mas promove boa sensação ao paladar.Tem algum segredo as receitas da rapadura? Silvia diz que usa como açúcar a rapadura ralada.

Engenho São Lourenço: Funciona todos os dias, das 10 às 16, segunda a sexta. Sábado e domingo, das 10 às 22h. Telefone: 99902.9468.

Caldinhos – Tradição do Centro Histórico é o Bar da Marciana, com 30 anos de história,  ponto de encontro de quem chega e de quem mora na cidade. Os destaques são os caldinhos de mocotó com ovo, batizado de “Cura Ressaca”. O valor do caldinho é R$ 4,00 sem ovo; com ovo, acrescenta-se mais R$1,00. Cada dia tem sabores diferentes, como feijão, macaxeira, e ainda tem mungunzá salgado. Mas, lembrando, é um legitimo boteco. Abre todos os dias, das 9 até as 24h.


Tilápia – O restaurante Aconchego é o melhor lugar para saborear frutos do mar em pleno sertão de Água Branca. Com ênfase para a tilápia (peixe do Rio São Francisco), empanada e preparada no capricho pela de Aparecida Barros, a célebre Cida. Também merece aplausos o purê de batatas, bem fofo (a composição leva manteiga e um pouco de leite natural – produzidos nas pequenas propriedades rurais da região). Divino, como se fazia antigamente. Funciona de terça à quinta, das 10h às 15h30, e das  18h30 até as 22h / domingo até as 16h / Segunda-feira sob consulta.

Casa da Farinha – Para chegar ao povoado da Serra das Viúvas, o caminho não é fácil, a estrada é de barro. Melhor ir de moto ou em veículos maiores. O lugar é simples, indicado para quem curte turismo comunitário. Lá tem o artesanato da palha de Ouricuri e a casa de farinha, onde a comunidade produz sua própria  farinha, tapioca, pé de moleque e beiju. A casa foi cenário para a novela Velho Chico. Dona Maria Isabel, 65 anos de idade, mora na Serra das Viúvas (Comunidade Quilombola), ao lado de 18 mulheres que traçam a folha de Ouricuri em cestos rústicos, chapéus e outros artigos que são vendidos na feira de segunda  e no Engenho São Lourenço.


Do alto da Serra – Depois de caminhar pelo centro histórico é hora de subir a Serra até o Mirante do Calvário. Na Semana Santa, os fieis realizam a via sacra, parando nas estações para orar e seguindo até o mirante onde se encerra a peregrinação. Lá, o horizonte é infinito.

Licor – O Mirante do Calvário, que fica a uma altitude de 730 m acima do nível do mar, é imperdível, de lá se tem  a melhor panorâmica da região. No Mirante tem quiosque de culinária regional, merecendo atenção aos licores de frutas e de flores, da Dora.


Grandiosa – O centro histórico é pequeno e o povo diz brincando, que “´é apenas uma rua”, mas repleta de beleza da arquitetura colonial nos casarios. A primeira lindeza, a capela Nossa Senhora do Rosário, do ano de 1770, é singela, e nela guarda-se histórias de gente que nasceu em Água Branca, que fez ali a primeira comunhão, as missas celebradas, e, claro, lugar de se renovar a fé. Na outra ponta da rua, fica a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída pelo Barão de Água Branca, no século XVIII. Todo o altar tem decoração barroca.

E quando o verão chegar, a serra continuará exuberante, para se curtir a tradicional feira de segunda, saborear sorvete de rapadura e caminhar pelo centro histórico para recordar  que nesta terra sertaneja, Delmiro Gouveia foi o primeiro turista da cidade. O empreendedor cearense ficou hospedado na residência do Coronel Ulisses Luna, e trouxe o desenvolvimento para o Sertão.
Já o temido Lampião, no ano de 1922, assaltou o sobrado da Baronesa de Água Branca levando o  patrimônio pessoal da nobre sertaneja. A residência do Barão de Alagoas continua elegante, mas carece, urgente, do tombamento como Patrimônio Histórico do Estado, bem como o centro da cidade com seus sobrados e igrejas.


Casa das rosas – No jardim tem mandacaru, alecrim, manjericão, flores e rosas, tudo em volta da casa em estilo chalé, da família de Fátima Torres. Com cinco quartos, cozinha, lareira, ainda temos o privilégio de assistir ao espetáculo do pôr do sol. E no inverno, dormir e acordar com a neblina.A boa noticia é que a casa, a partir de agora, é meio de hospedagem. Aceita-se reservas para grupos que desejam conhecer Àgua Branca e suas cidades vizinhas, Delmiro Gouveia e Piranhas. A casa da família da Fátima tem lembranças boas e conforta alma. Lugar ideal para reunir os amigos em torno de vinhos e comidinhas.
A diária da casa inclui uma funcionária para fazer o café da manhã e limpeza. Informações sobre os valores,  ligue para 82 99981.2655.

Da cidade de Maceió Alagoas para a cidade de Água Branca Alagoas de carro. O percurso da viagem entre as duas cidades é feito principalmente através da AL-220.
Por: Nide Lins