Conheça a história de David, que dará exemplo de inclusão no Rally dos Sertões

 


O mineiro David César, 32 anos, está na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, à espera de uma grande aventura. Ele é um dos dez integrantes da equipe Pocorrê, que participa do Rally dos Sertões neste ano. A jornada começa na sexta-feira (13/8) e dura cerca de 9 dias, passando por 7 estados brasileiros. Seria mais uma história de aventureiros, mas é uma história de inclusão. “Estou aqui para que as pessoas se acostumem com um ‘corpo estranho´”, diz o mineiro, que trabalha na plataforma de serviços médicos EuSaúde.

David nasceu sem os braços e as pernas por causa da Síndrome de Hanhart – uma condição congênita rara que atrapalha o desenvolvimento físico do embrião, mas não afeta sua capacidade intelectual. David não gosta que sua história pessoal seja avista como prova de superação. “Isso é capacitismo”, explica, referindo-se à maneira como os deficientes costumam ser retratados. Capacitismo é quando se romantiza a história deles, atribuindo-lhes qualidades excepcionais.

O mineiro diz que enfrentou dificuldades, mas que talvez elas não tenham sido piores do que as de outras pessoas. “Consegui me virar bem, moro sozinho, tenho autonomia física e financeira”, conta. A importância de ele estar em uma corrida de aventura está mais relacionada à oportunidade de as pessoas o conhecerem, conviverem com ele e se acostumarem com um corpo diferente do delas. “Estar em outros espaços, permite que as pessoas me vejam. Isso é uma maneira de mostrar a diversidade existente e de defender a inclusão”, afirma.

Além disso, ele conta que se diverte muito nos rallys. “No início, eu era um pouco medroso. Agora digo, pocorrê (pode correr, em dialeto minêires).” David reivindica o direito de ter experiências diferentes, de aproveitar a vida mesmo com os limites seu corpo.

Amor e solidariedade - Quem apresentou o mundo dos rallys a David foi o médico Ricardo Cabral, de 47 anos, diretor do EuSaúde. Ricardo é o líder da Pocorrê e responsável pelo convite para a aventura que começa na sexta-feira. 

“Na medicina há muitos milagres direcionados a deficientes físicos operados pela tecnologia. Próteses de último tipo, cadeiras de rodas espetaculares… Nós, no caso, estamos defendendo uma tecnologia humana, que é a do amor e da solidariedade”, afirma Ricardo. O médico acrescenta que o mundo maravilhoso das próteses não é factível para todos os deficientes físicos e que, a sociedade, portanto, deve ser mais amorosa para tornar o mundo real mais confortável aos deficientes físicos. “Amor e solidariedade estão dentro de nós.”

Fonte Metropoles

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