Novembro Azul: o papel da psicologia no tratamento do câncer de próstata

 



 O câncer de próstata afeta não só o corpo, mas também a saúde da mente, porque acaba mexendo com a autoestima e sexualidade dos pacientes. A campanha "Novembro Azul" é reforçada também pela contribuição da psicologia, que ajuda a promover um espaço de fala e escuta principalmente durante este mês, quando a atenção é voltada para o assunto. 

Conforme enfatiza a psicóloga clínica e hospitalar da Oncoclínica Alagoas, Antonísia Ribeiro da Silva, aos psicólogos, cabem a abordagem do tema, facilitando o reconhecimento do autocuidado como prevenção de saúde do homem, para sensibilizar o público masculino a cuidar também da saúde corporal e mental, desmistificando tabus, crenças e fantasias que acabam os distanciando do processo de autoconhecimento, autocuidado e de avaliação médica preventiva.

Para falar sobre o assunto, no projeto "Cores da Prevenção - Novembro Azul", o TNH1 bateu um papo com Antonísia. Confira: 

  • O câncer de próstata afeta não só o corpo, mas também a saúde da mente, porque acaba mexendo com a autoestima e sexualidade dos pacientes. Como lidar com isso? 

Psicóloga Antonísia Ribeiro -  "A sexualidade é uma das principais preocupações dos homens portadores de câncer de próstata. A impotência sexual é um evento multifatorial e o risco de sua ocorrência deve ser discutido de forma individualizada em cada caso. A importância do acompanhamento psicológico nestes casos visa também a individualidade e o recurso psíquico de cada paciente para o enfrentamento do diagnóstico, para conviver a sua nova condição de vida."

  • Como a família, os amigos e o entorno social podem contribuir nesse processo, do ponto de vista psicológico?

Psicóloga Antonísia Ribeiro - "Quando falamos em avaliação médica oncológica, sabemos que os pacientes passam por uma etapa inicial de angústia e medo até entrar em contato com o diagnóstico propriamente dito. O seguimento do plano terapêutico busca nesse primeiro momento também, em muitos dos casos, o apoio tanto familiar como na religiosidade/espiritualidade. Desta forma também compreendemos a importância do acompanhamento psicológico para desmistificar medos e fantasias, integralizando também o apoio de sua família e dos amigos nessa fase da vida singular do paciente. Sabemos que cada paciente terá recursos psíquicos diferentes para o enfrentamento do novo estilo de vida, resgatando sua biografia junto à sua dinâmica de vida e familiar."

  • Como o acompanhamento psicológico pode ajudar nesse processo? É recomendado o acompanhamento em que fase do diagnóstico?

Psicóloga Antonísia Ribeiro - "O acompanhamento psicológico facilitará o paciente desde o primeiro momento, durante a investigação diagnóstica, até a definição de seu diagnóstico, possibilitando que o paciente tenha um espaço para expressar suas angústias, medos e ansiedade entrando em contato com o diagnóstico e suas intervenções terapêuticas, as quais também geram ansiedade e insegura ao longo de seu tratamento. Dessa forma o acompanhamento psicológico antes, durante e após diagnóstico será de vital importância para facilitar a elaboração do paciente mediante esse processo  de enfrentamento psíquico para conviver com o novo estilo de vida."

Psicóloga clínica Antonísia Ribeiro
  • Pela sua experiência, como tem sido para os pacientes enfrentarem a doença quando também buscam auxílio profissional psicológico?

Psicóloga Antonísia Ribeiro - "A procura de forma geral dos homens por acompanhamento psicológico ainda é inferior ao serem comparados com as mulheres, assim como o cuidado de forma global com a própria saúde. Por isso, percebemos uma procura maior já em um estágio de evolução da doença com seguimento muitas vezes em quimioterapia e/ou radioterapia. Muitas das vezes o acompanhamento psicológico só é iniciado por desejo da família. Entretanto percebemos o quanto esse sofrimento psíquico poderia ter sido atenuado se fosse iniciado o acompanhamento psicológico junto do acompanhamento médico, integralizando o plano terapêutico deste paciente."

  • E como a psicologia pode ajudar a enfrentar os estigmas e quebrar os tabus que envolvem o câncer de próstata? 

Psicóloga Antonísia Ribeiro - "A psicologia ajuda promovendo espaço de fala e escuta principalmente neste período do mês de novembro, onde participamos de ações e eventos em várias instituições sendo de saúde ou não, abordando o tema e facilitando o reconhecimento do autocuidado como prevenção de saúde do homem. Dessa forma, junto com essas ações, conseguimos sensibilizar os homens para cuidarem também de sua saúde corpórea e mental, desmistificando tabus, crenças e fantasias as quais muitas vezes os distanciam desse processo de autoconhecimento, autocuidado e de avaliação médica preventiva."

A médica oncologista clínica Drª Patrícia Amorim, ressalta, no entanto, que nem sempre a impotência sexual é definitiva. “Nem todo homem que tem câncer de próstata fica impotente, isso depende do estágio clínico. Se o tratamento for apenas cirúrgico, a impotência é temporária. Se for estágio clínico avançado, então a impotência poderá ser irreversível devido à manutenção do tratamento. Este efeito colateral ou o risco de impotência é algo difícil de quantificar ou ser estabelecido”, enfatizou a médica da Oncoclínica Alagoas.

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