Poetize a mente. Por Anicéia Ribeiro

Poetize a mente.

Num mundo atualmente chato e politicamente correto, só a poesia salva.

Dizia eu para um amigo há alguns meses.

Lendo por esses dias um texto sobre poesia do Escritor angolano, Eduardo Agualusa, percebi que não estou só em meus pensamentos.

Inúmeras vezes ouvi declarações enfáticas: que inútil é a poesia.

Inútil?

Talvez sim.

Mas não creio que possa haver algo tão inútil e tão indispensável quanto à poesia.

Numa era tão medíocre quanto a nossa, quem faz poesia hoje em dia?

Quem publica?

Pouca, pouquíssima gente.

Ler poesia parece não ser importante.

Importante é ler revistas, assistir jornais na tevê, “se informar”.

A poeta portuguesa, Matilde, na FLIP 2015, disse:

“A poesia não salva o mundo, mas salva o minuto”.

Na verdade, penso que pode salvar o mundo, não apenas o minuto.

Pode salvar vidas.

Como frisou Agualusa: sim, eu acredito que se não for à poesia a salvar o mundo, o mundo está perdido.

Drummond nos ensinou que não devemos exigir nada da poesia, porque ela é livre.

Não é uma exigência.

A poesia, como toda arte, é um bálsamo para a vida. É consolo para os dias sombrios.

“Fico a imaginar a história de alguém desesperado, decidido a se jogar da cobertura de um prédio de 15 andares, após ter perdido a fortuna, os filhos ou a mulher amada”.

 “E daí surge alguém que o faz mudar de opinião dizendo versos de (cada leitor pode colocar aqui o nome do poeta que o impediria de saltar)”.

Vou de Vinicius de Moraes.

Eu te amo [...] eu te amo tanto;

Que o meu peito me dói como em doença

E quanto mais me seja a dor intensa

Mais cresce na minha alma teu encanto.

Começo a sentir fome, fome de poesia, poesia que anda tão sumida nestes nossos dias.

Para saciar esta fome, vem o amigo Escritor, Gecildo Queiroz, estabelecendo um belo projeto na cidade de Paulo Afonso - Sertão baiano - para propalar o qual importante é a poesia.

Projeto aberto a quem quer dizer poesia, ouvir poesia, sentir poesia.

“Poesia na Lavanderia”

Que já está sendo um sucesso. Vida longa ao projeto!

Mais uma vez ancorada em Agualusa, digo: se alguém me questionar para que serve o projeto, respondo perguntando para servem as estrelas?

As estrelas não estão lá para servir, estão lá para fazer bonito.

A poesia e as estrelas, talvez sejam inúteis.

A beleza, por vezes é inútil.

E isso é tão lindo.


Anicéia Ribeiro é Colunista do Blog Ferreira Delmiro

Formanda em Letras pela Universidade Federal de Alagoas
Professora por formação
Empreendedora por paixão.


Uma amante das palavras