Pesticidas mataram 70 agricultores

Em 5 anos, entre 2010 e 2015, o uso de agrotóxicos matou 70 pessoas em Alagoas. No mesmo período, o número de agricultores intoxicados pelo uso inadequado de pesticidas cresceu 260%: saltou de 172 (9,16% das 1.878 notificações) para 448 (18,22% de 2.459). O dado foi divulgado pela Gerência de Vigilância em Saúde Ambiental (Gvam) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), durante o Fórum Alagoano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, ontem, na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea/AL), no Farol, em Maceió. 

“Os agrotóxicos, se não forem aplicados de acordo com as recomendações, podem comprometer a saúde dos trabalhadores e dos consumidores. São inúmeras doenças crônicas, como a depressão que leva ao suicídio”, disse o coordenador do fórum, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Rodrigo Alencar.

Pesquisadores, engenheiros agrônomos, integrantes do MPT, organizações da sociedade civil e instituições governamentais debateram a necessidade de uma Lei Estadual para a cultura de informação e de utilização para os agrotóxicos. “São inúmeras populações expostas. Precisamos mobilizar os responsáveis, ampliar os serviços, estruturar um laboratório para controlar a situação, criar uma Lei de agrotóxico no Estado”, disse a gerente de Vigilância em Saúde Ambiental da Sesau, Elisabeth Rocha.

O relatório da Gvam aponta a região Agreste como a mais afetada pelo uso descontrolado dos pesticidas. Uma das principais causas é o manuseio de agrotóxicos em grandes quantidades e sem nenhum Equipamento Proteção Individual (EPI).

“Muitas empresas não cumprem normas de segurança e vendem os produtos em frações e sem bula, sem nenhum tipo de orientação. As situações são diversas e o agricultor acaba usando sem nem saber ao que está sendo exposto. Além disso, existe a dificuldade de chegar até as vítimas de intoxicação”, acrescentou Rodrigo Alencar.


Gazeta de Alagoas