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Indígenas visitam escolas e pedem ações para preservação da cultura




















O Dia do Índio, celebrado no dia 19 de abril, foi lembrado com dança e cultura na Escola Estadual Princesa Isabel, no Centro Educacional de Pesquisas Aplicadas (Cepa). Indígenas da etnia Xucuru Kariri, de Palmeira dos Índios, estiveram na unidade escolar para uma confraternização com os alunos, com direito à palestra e à venda de artesanato. Integrantes da tribo falam do esquecimento da data comemorativa e a importância dela para manutenção desta cultura.
Segundo o supervisor de Diversidade da Secretaria do Estado da Educação (Seduc), Zezito Araújo, a ação faz parte de uma série de atividades que buscam uma reflexão sobre o papel das comunidades indígenas em Alagoas. A iniciativa começou na segunda (17) e segue até esta quarta (19), em diversas escolas do complexo.
"Em parceria com o Incra, estamos trazendo grupos para que possamos fazer uma reflexão sobre as questões indígenas com o próprio índio sendo protagonista. Esperamos que os estudantes tenham uma compreensão diferenciada da realidade do índio e possam vê-lo na realidade atual, e não pensá-lo no passado, nos séculos XV, XVI", afirmou Zezito Araújo.
Membro do Conselho da Igualdade Racial - onde representantes das tribos também têm acento -, Queila Oliveira acrescenta que o evento foi discutido com as comunidades alagoanas e tem o objetivo ainda de fazer com que os alunos conheçam a diversidade do Estado.
"A ideia é levar os indígenas às escolas para desconstruir um pouco a imagem junto aos alunos, que são cidadãos em formação. Queremos trazer um pouco essa diversidade que temos em Alagoas. São nove ou dez etnias e elas não são conhecidas pelas pessoas da cidade, que têm uma imagem mais formada dos povos da Amazônia", expôs.
O pajé dos Xucuru Kariri, Purinã Selestino, aprovou a iniciativa. "É algo que fazemos com frequência, que é apresentar nossa cultura, trazendo a importância do respeito à classe indígena, aos afro-brasileiros e também aos não índios, porque se não vivermos o respeito não vamos para frente. Nossa cultura é também a cultura do povo alagoano".
Ele lembrou que, apesar com a atividade, o Dia do Índio é algo que tem ficado cada vez mais esquecido. "Para nós, o dia do índio é todo dia. Hoje se comemora o Dia do Exército, que é na mesma data. A gente se sente um pouco esquecido, mas me ofereci para fazer esse trabalho e divulgar um pouco nossa cultura", afirmou.
Estudante da Princesa Isabel, Arthur Terto disse ter gostado da ação. "É comum que seja ensinado nas escolas apenas a superfície no que diz respeito à cultura indígena. Na verdade, ela está muito ligada com nossa cultura como um todo, então achei uma atitude muito importante para que os alunos possam refletir".
Ação também contou com toré, prática ritual e dança indígena
FOTO: LARISSA BASTOS





















Professores indígenas
Na oportunidade, o pajé também comemorou a regularização dos professores indígenas nas tribos. Em janeiro, os índios chegaram a protestar contra a proibição de contratos firmados com professores das comunidades. Na ocasião, a secretaria cogitou chamar monitores para substituí-los devido a um parecer da Procuradoria-Geral (PGE).
Ao todo, Alagoas possui 17 escolas indígenas, com mais de 200 professores. O entrave na contratação era que, de acordo com a PGE, seria necessário um concurso para esses educadores, mas o cargo de professor indígena não existia dentro do quadro da Seduc.
"Através de uma luta das lideranças, a questão dos professores foi resolvida e eles estão sendo oficializados hoje. Foi uma das nossas brigas para que nossos professores fossem funcionários de uma forma legalizada. Agora estamos cobrando a construção de escolas", apontou Purinã.




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