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Alagoas é campeão na queda de mortes, mas lidera homicídios de jovens e negros



Alagoas se destacou como o estado que mais reduziu a taxa de homicídios entre 2014 e 2015. O percentual caiu 16,6% neste período, conforme revela o Atlas da Violência 2017, divulgado na manhã desta segunda-feira (5), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Por outro lado, o estado continua sendo a unidade da Federação onde mais se matou negros e jovens com idade entre 15 e 29 anos em 2015.
Na variação de 5 anos de estudo (2010 a 2015), o estado teve a terceira maior redução do País (21,8%) no índice de mortes violentas, ficando atrás do Espírito Santo (com percentual de -27,6%) e Paraná (-23,4%). Por outro lado, a taxa aumenta 31,2%, em Alagoas, se for feita a comparação de uma década (entre 2005 e 2015).
Só para se ter uma ideia, em 2005 o estado tinha taxa de 39,9 homicídios por cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2010, o índice subiu para 66,9, depois para 71,4 no ano seguinte e desde então vem caindo. Em 2014, por exemplo, a taxa era de 62,8 mortes/100 mil habitantes e, em 2015, desceu para 52,3. Em números absolutos, Alagoas teve 1.203 mortes violentas em 2005, chegou a 2.244, em 2014, e fechou 2015 com 1.748 assassinatos. 
O estudo mostra que, no estado, 77 pessoas foram mortas por policiais no ano de 2014. No ano seguinte, este número aumentou para 97. A maioria dos casos aconteceu por intervenção de agentes de segurança que estavam de serviço. Este total de pessoas mortas por policiais em Alagoas inclui 8 mortes decorrentes de ações conjuntas das polícias civil e militar em 2014 e 5 em 2015. 
Variação da taxa de mortes violentas entre 2005 e 2015 no Brasil
FOTO: REPRODUÇÃO































Apesar dos dados sinalizarem diminuição nos homicídios, a taxa de mortes violentas com vítimas do sexo masculino e com idade entre 15 e 29 anos continua sendo a maior do Brasil em Alagoas. Em 2015, o índice alcançou 233 assassinatos por 100 mil habitantes. O percentual era ainda pior no ano anterior e em 2013 (270,2 e 285,5, respectivamente). A redução de um ano para o outro passou de 13%, segundo a pesquisa.
No geral, sem distinção de gêneros, a taxa de mortalidade de jovens de 15 a 29 anos, em Alagoas, era a mais alta do País em 2015, mesmo com uma redução de 15,4% em comparação ao ano anterior. O índice era de 118,9 homicídios por 100 mil habitantes. 
Quanto aos crimes envolvendo a população negra, Alagoas segue tendência de queda na taxa, porém, no ano referência do levantamento, o estado ainda tinha o maior percentual do Brasil. Em 2015, aconteceram, aqui, 68,2 mortes de negros por 100 mil habitantes. No ano anterior, a taxa era de 82,1, representando uma diminuição de 16,9%.
Entre 2010 e 2015, o estado reduziu a taxa de mortalidade de mulheres em mais de 33%. Em mulheres negras, a redução de 18,7%. Entre 2014 e 2015, a diminuição foi ainda maior: 27%.
Taxa de homicídios em Alagoas por 100 mil habitantes
20142015Variação %
2005 a 2015
Variação %
2014 a 2015
Variação %
2010 a 2015
62,852,331,2%-16,6%-21,8%
Fonte: Atlas da Violência 2017
As maiores taxas de letalidade entre mulheres negras foram verificadas no Espírito Santo (9,2), Goiás (8,7), Mato Grosso (8,4) e Rondônia (8,2). Apenas sete unidades da Federação tiveram redução na taxa de mortalidade de mulheres negras por homicídio entre 2005 e 2015. Seriam: São Paulo (-41,3%); Rio de Janeiro (-32,7%); Pernambuco (- 25,8%); Paraná (-23,9%); Amapá (-20%); Roraima (-16,6%); e Mato Grosso do Sul (-4,6%). 
Em relação às mortes ocorridas por armas de fogo, Alagoas apresentou queda de 18,7% entre 2014 e 2015. Caiu também a proporção de crimes desta natureza em comparação a outros tipos: a diminuição foi de 2,5% no mesmo período.
O estado também regrediu 37,7% na taxa de mortes violentas por causa indeterminada por cada grupo de 100 mil habitantes entre 2010 e 2015. Proporcionalmente, em relação ao total de homicídios, estas mortes por causa indefinida caíram 24% em Alagoas.
DADOS DO BRASIL
O Atlas da Violência 2017 concluiu que o número de homicídios no Brasil, em 2015, ficou estável na mesma ordem de grandeza dos dois anos anteriores. Foram 59.080 mortes naquele ano, conforme dados do Ministério da Saúde. 
"Trata-se de um número exorbitante, que faz com que em apenas três semanas o total de assassinatos no país supere a quantidade de pessoas que foram mortas em todos os ataques terroristas no mundo, nos cinco primeiros meses de 2017, e que envolveram 498 casos, resultando em 3.314 indivíduos mortos", destaca a pesquisa. 
O perfil típico das vítimas fatais permanece o mesmo: homens, jovens, negros e com baixa escolaridade. "Contudo, nos chama a atenção o fato de que, na última década, o viés de violência contra jovens e negros tenha aumentado ainda mais. O que se observou nos dados é um futuro da nação comprometido. Entre 2005 e 2015, nada menos do que 318 mil jovens foram assassinados", avalia o estudo. 


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