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China pode assumir combate ao aquecimento global, diz Collor



Com a saída dos Estados Unidos da América (EUA) do Acordo de Paris, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE), Fernando Collor de Mello (PTC/AL) acredita que a China pode liderar a luta mundial pelo Meio Ambiente. Collor, que esteve à frente da ECO-92 como presidente do Brasil, destacou que a China vem trabalhando para cumprir todas as metas climáticas firmadas ao longo dos últimos anos. 
Na noite desta segunda-feira (5), representantes do meio acadêmico e diplomático discutiram na CRE o papel do país asiático na conjuntura mundial e concluíram que o avanço chinês na economia e na política internacionais é inevitável. 
Para o presidente da comissão, a saída dos EUA e as implicações que e a postura que presidente Donald Trump adotou são um "prenuncio que beira à catástrofe para todo o planeta"". 
Contudo, o senador apontou que essa postura abre o caminho para que a China assuma o protagonismo levantando  a bandeira ambiental, preenchendo o espaço vazio deixo pelos EUA. Collor lamentou também que, mesmo com avanço da tecnologia e o farto acesso a informação, existam grupos que coloquem em xeque o aquecimento global e as suas consequências para toda a humanidade. 
"Nós estamos às vésperas de uma hecatombe, caso esse cenário que estamos vivendo não seja levado a sério pelas lideranças mundiais. A decisão equivocada do presidente americano é algo incompreensível diante de todas as informações que se têm acesso hoje. O que podemos esperar é que China, com toda essa proeminência que assistimos, passe a ter uma postura de destaque no processo de combate ao aquecimento global", expressou Collor durante o debate na comissão do Senado. 
Senador declarou que país asiático vem trabalhando para cumprir todos os acordos climáticos
FOTO: AGÊNCIA SENADO
































Na análise do o ex-embaixador do Brasil na China, Luiz Augusto Castro Neves, os chineses foram os primeiros a perceber o processo de globalização e desde a abertura econômica promovida pelo antigo líder Deng Xiaoping, o objetivo estratégico foi promover a sua correta inserção no sistema internacional.
"Eles buscavam a competitividade no mercado internacional. Esse modelo permitiu que o Produto Interno Bruto chinês crescesse 25 vezes em pouco mais de três décadas", ressaltou. A China já é o maior parceiro comercial da maioria dos países do mundo. O produto interno bruto (PIB) chinês já alcançou os US$ 13 trilhões. Em 2015, suas exportações chegaram a US$ 2,3 trilhões e permitiram ao país obter um saldo comercial de US$ 600 bilhões.
Os maiores clientes são os Estados Unidos, para onde se dirigiram 18% das exportações chinesas, Hong Kong (14,6%) e Japão (6%). No mesmo ano a China comprou do mundo US$ 1,7 trilhão - e o Brasil está entre seus dez maiores fornecedores.
Brasil e China
Para o professor Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a economia doméstica brasileira é afetada diretamente pela economia chinesa. Segundo ele, o Brasil cresceu com o Brics (Grupo de cooperação formado com Rússia, Índia, China e África do Sul) em razão da demanda chinesa por produtos brasileiros na primeira década do século 21. 
E a crise atual pode ser explicada em parte pela transformação da indústria chinesa com redução dessa demanda.
Stuenkel ainda destacou obras como a ferrovia Transoceânica para ligar o Brasil ao  Pacífico, em plano de cooperação com a China, assinado em 2015. Bem apontou investimentos chineses também na Venezuela e no Uruguai. 
"Não existe ainda uma estratégia regional em como lidar com a influência crescente da China. Existe uma competição, em alguns casos, entre países da América do Sul para atrair investimento chinês e seria muito vantajoso institucionalizar uma discussão entre as capitais da região", opinou.
Protagonismo
De acordo com os analistas, o peso do protagonismo chinês também já começa a ser sentido na América Latina. E ainda avança com a criação de uma plataforma de integração entre Ásia e Europa, na chamada Nova Rota da Seda. Dessa forma, a China assumiria o papel de líder mundial e regional na política e na economia. 
Principalmente com a postura "neoisolacionista" e protecionista adotada pelo governo americano, que se retira de uma série de importantes  acordos  internacionais  de livre comércio, entre eles a Parceria Transpacífico, criando oportunidades para a China.
Na visão de Henrique Altemani de Oliveira, da Universidade Estadual da Paraíba, os Estados Unidos têm uma relação de dependência em relação à China, por isso apenas tentariam evitar ser superados, mas sem afetar a economia e a política internacionais. 
Já a China, segundo o professor, dependeria da ordem liderada pelos Estados Unidos para a estabilidade mundial, evitando conflitos, mas participando cada vez mais das regras internacionais para seguir crescendo.

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