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Elite brasileira é negligente com a Defesa Nacional, afirma Jungmann

As Forças Armadas têm um sentimento de "orfandade" em relação à elite brasileira, incluindo setores da elite política, por avaliarem que não são valorizadas como merecem. A afirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, durante audiência realizada nesta quinta-feira (29) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida pelo senador Fernando Collor de Mello (PTC/AL). 
Para o ministro, não é possível que um país com a dimensão geopolítica que tem o Brasil tenha a ilusão de que lidará sempre com cenários de paz. Ele procurou, durante a explanação, demonstrar aos senadores que o mundo já convive hoje com quadros de mudanças rápidas e um crescimento das capacidades de conflito.
Jungmann ainda avaliou que a governança global internacional já não corresponde ao cenário de instabilidade, razão por que seria necessária uma compreensão mais ampla por parte das elites nacionais no que tange a garantir a capacidade operacional de nossas Forças Armadas.
"Nada a ver com nos transformarmos em uma potência guerreira, não é nada disso. O problema é que ainda se confunde em nosso país que uma nação pacífica seria necessariamente desarmada. Precisamos mudar essa cultura, a elite brasileira dá pouca atenção às Forças Armadas e à Defesa", avaliou Jungmann.
Elite esquizofrênica
O ministro esclareceu que em recente viagem à Suécia reuniu-se com ministros da área da França, Rússia e da nação anfitriã. Nessas reuniões de trabalho, foi unânime o diagnóstico de que o planeta vive um quadro de "crescimento de tensões", refletido na decisão unânime dos 28 países da União Europeia (UE) de aumentarem seus orçamentos para a Defesa de 1,5% para 2% do PIB.
Jungmann qualificou a percepção da elite brasileira de "esquizofrênica", por almejar transformar o país em um ator global em termos geopolíticos, avaliando que tal processo pode se dar sem se confrontar com aspirações de outros atores. O ministro deixou claro que a situação atual, refletida inclusive num quadro de 147 anos sem guerra interestatal, é de ausência de qualquer ameaça concreta ou real. Mas o país não pode deixar de trabalhar com possibilidades de instabilidades ou problemas no futuro, exatamente como age agora a União Europeia.
"Sou um pouco mais velhinho, e no meu tempo isso que a UE está fazendo se chamava rearmamento, e não acabava bem. Um dos cenários com os quais eles trabalham é de problemas no Atlântico Sul. O fato real é que a paz nunca deixa de ser contingente, não é uma dádiva divina nem imutável. A paz passa pela capacidade operacional das Forças Armadas", conclui.
Sessão pública foi acompanhada de perto por senadores e convidados
FOTO: AGÊNCIA SENADO





















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