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'Algumas iniciativas do Congresso geraram perplexidade', diz Janot


O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta segunda-feira (28) que algumas reações contra a Operação Lava-Jato vindas do congresso lhe "causaram perplexidade". Uma delas é o projeto da lei contra o abuso de autoridade.

"A partir do momento que as investigações prosseguem, as reações acontecem. Algumas iniciativas do congresso geraram perplexidade. Essa é uma lei que está em tramitação desde 2006. Esse projeto de lei caminhava,parava, caminhava, parava, com algum andamento mais marcante das investigações", afirmou ele, durante palestra no seminário "E agora, Brasil", promovido pelo jornal O Globo.

Segundo o procurador-geral, a tentativa de tipificar o chamado "crime de hermenêutica" também marcou negativamente. Há reações, explica ele , que podem vir de diversas frentes, e é preciso ficar atento. " Você dizer que interpretar de uma maneira ou de outra constitui crime é uma coisa complicada mesmo. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Nós temos que olhar reações que podem vir do legislativo, do próprio judiciário, que podem vir do executivo...nós temos que ficar atentos", afirmou.

Janot explicou que há, no Brasil, iniciativas legislativas semelhantes às feitas na Itália nos anos 90, durante a operação Mãos Limpas, que combatia a corrupção assim como a Operação Lava-Jato em curso no país.

"Se a gente fizer um paralelo, boa parte se passou ou está se passando aqui. Basta olhar as iniciativas legislativas feitas na Itália e que estão acontecendo por aqui", disse Janot, durante o seminário "E Agora, Brasil?", organizado pelo jornal O Globo.

Perguntado se a Lava-Jato corre risco e se esse risco aumenta com a sua saída, ele disse que não acredita que "uma ou duas pessoas" consigam parar a investigação. Segundo ele, o trabalho não é mais do MPF, mas da sociedade brasileira.

"Eu não digo que a Lava-Jato corre risco, mas as pessoas reagem à medida que a investigação caminha. E se depender de mim, ela continuará andando cada vez mais. Ela seguirá sim", garantiu Janot, que deixa o cargo em 17 de setembro para dar lugar a Raquel Dodge.


G1