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Sobreviventes do Irma são resgatados de ilha e pousam no DF com avião da FAB

Sobreviventes do furacão Irma que estavam na ilha caribenha de San Martin chegaram na madrugada desta quarta-feira (13) a Brasília, a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Ele pousou a 1h30, com 14 pessoas a bordo, sendo 8 brasileiros.

O avião da FAB deixou o Brasil na segunda (11), fez escala em Nova York e chegou na terça de tarde a San Martin - território francês e holandês, onde pelo menos oito morreram com a passagem do furacão.

No começo da noite, o avião partiu da ilha com os brasileiros e os seis estrangeiros. Ele fez escala em Trinidad e Tobago para abastecer. Perto das 21h, decolou rumo à capital federal.

Segundo as autoridades, ainda existem brasileiros presos nas ilhas Tortola e Turcas e Caicos, que fazem parte das Ilhas Virgens Britânicas. O Itamaraty informou que está em contato com o governo do Reino Unido para planejar a retirada dos brasileiros nesses territórios.

Fora os oito brasileiros, estavam também a bordo dois venezuelanos. Segundo o Itamaraty, eles vieram por causa do acordo de assistência consular do Mercosul. O restante é de estrangeiros casados com brasileiros.

Os sobreviventes saíram da Base Aérea em vans do Itamaraty. Quatro seguiram direto para o Aeroporto de Brasília. Outros dez passaram a noite no hotel de trânsito do Grupamento da Guarda Presidencial.

Relatos

Quem sobreviveu e conseguiu chegar à terra natal sente um alívio difícil de descrever. Uma das resgatadas, Valéria Williams, disse que mora do lado holandês e estava sozinha com a filha quando o Irma passou. A casa dela foi uma das poucas que ficou em pé.

"Como brasileira, a gente não sabe o que esperar. Mas quando acontece, treme a casa até. E eu moro em uma casa de concreto superforte. Na verdade, não aconteceu nada, mas o barulho a gente vê as coisas caindo pela janela. Mas a iniciativa comunitária também foi muito rápida, a gente vê as pessoas montando o telhado novamente rápido".

O chef de cozinha Ricardo Passareli ficou abrigado no hotel onde trabalha. "As janelas estavam explodindo para fora, outras para dentro, e vinha muita areia. Porque o nosso hotel é na areia, então junta com o vento, de 320 km/h a 350 km/h".

"A areia vem, te machuca, bate em você. As ondas começaram a chegar porque está na frente do mar, e entraram dentro do quarto, mas eu preferi ficar na água a ficar no vento. Então eu fiquei com água até no meio da perna", continuou o profissional, que afirmou ainda pretender voltar para San Martin.

Apesar de a ilha já ter passado por outros furacões, a região não estava preparada para um fenômeno tão forte como este, afirma o chef. "A cada vez que eles reconstroem, segundo eles, fazem mais forte a estrutura das casas. Mas mesmo assim. Tem muitas casas que estão assim inteiras, mas tem casa que desapareceram. Não existem mais no mapa. Acabou. Você não consegue achar nada".

A fisioterapeuta Patrícia Albuquerque mora na ilha há quatro anos, mas não enfrentou o Irma porque chegou ao Brasil há duas semanas para visitar a família. Ela disse que teve um pressentimento de que deveria deixar o lugar. No entanto, o marido dela, americano, sobreviveu e foi resgatado pela FAB. O reencontro foi cheio de emoção.

"Você conseguiu! Meu amor, você é meu herói", disse a fisioterapeuta ao receber o marido, emocionada. "Ele ficou durante as horas todas segurando a porta entre uma parede e a porta, e os dois cachorros no pé dele que são pequenos, graças a Deus".

"Para eu descobrir se ele estava vivo ou morto, levou 48 horas".

"Mas eu estou em pânico agora. Eu perdi tudo. Tudo o que eu construí durante uma vida".


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