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Bolsonaro foi o grande derrotado no debate da TV Globo



Antes de qualquer observação sobre o debate na Globo, reafirmo o que escrevi em texto anterior sobre esse tipo de evento: é relevante que os candidatos exponham suas ideias e sejam questionados sobre temas incômodos. Mas não vamos acreditar que os eleitores ficam até tarde da noite na frente da TV, ansiosos para decidir seu voto somente após o espetáculo. Aí não dá.
Dito isso, vamos a alguns aspectos do encontro entre os presidenciáveis na noite desta quinta-feira.  Lembro aquela máxima segundo a qual o debate pode não dar voto, mas pode provocar a perda de eleitores. Um desempenho visto como muito ruim pode ser fatal nesse sentido. Não creio que isso tenha ocorrido com nenhum dos sete candidatos presentes nos estúdios da Globo. E Bolsonaro?
Talvez o maior derrotado no debate tenha sido mesmo o candidato ausente. Oficialmente, ele foi aconselhado pelos médicos a não comparecer. Seria muito esforço. Mas o capitão deu uma entrevista à Record TV, que foi exibida a partir de 22h, mesmo horário em que começava o debate na Globo. Os adversários o acusaram de fugir do encontro, como estratégia, pois lidera a corrida.
Ao longo de todo o debate, Bolsonaro foi citado como alguém que ameaça o 13º salário, o adicional de férias e outros direitos trabalhistas. Foi dito ainda que ele pretende aumentar impostos, prejudicando os mais pobres. Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Guilherme Boulos foram os mais duros nessa linha. Henrique Meireles e Marina Silva também criticaram o nome do PSL.
Alvaro Dias tinha uma fixação: atacar Fernando Haddad, o PT e o ex-presidente Lula. Para isso, usou todas as perguntas (e respostas) a que teve direito para acusar o petismo de praticar crimes de corrupção. Antenado à Lava Jato, citou operações policiais e as delações que não param de surgir.
Haddad também foi alvo de Marina. Ela cobrou autocrítica do candidato pelos erros dos governos Lula e Dilma. O petista não caiu na armadilha, é claro, e recebeu mais uma porrada da concorrente da Rede. Ela se agarrou ao discurso de que o PT é a origem do ódio, do extremismo, de Bolsonaro até.
A tática de Haddad foi ressaltar o crescimento econômico registrado durante os anos do lulismo. Quando teve de falar de corrupção, disse que os instrumentos de investigação foram fortalecidos nas gestões do PT, citando como exemplo a atuação do Ministério Público e da Polícia Federal.
Provocações, tropeços nas respostas e frases um tanto exóticas renderam risadas da plateia de convidados em vários momentos do debate. Ciro disse que merecia o voto de Willian Bonner, o mediador. Meireles afirmou que trabalho é coisa estranha para Boulos. Fuzuê nas redes sociais.
Bolsonaro, O Dócil. Em texto anterior, escrevi que a Record TV se engajou de vez na campanha de Bolsonaro, após o bispo Edir Macedo declarar voto para ele. É o candidato da casa, assim como tem o apoio da Igreja Universal, também chefiada por Macedo. Sobre isso, a Folha publica o seguinte: 
Em entrevista exibida pela Record no mesmo horário do debate na Globo, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) não foi pressionado, recebeu perguntas propícias para expor suas pautas e foi exibido como uma figura dócil, ainda fragilizada devido à facada que recebeu em setembro.
Eis aí o “jornalismo” agindo para adocicar o Messias. Cada um com suas crenças. Cada qual com suas ideias sobre o papel da imprensa na sociedade. Num Brasil hoje rachado, temos as eleições mais insanas desde a redemocratização. Até o domingo, muito pecador ainda vai aprontar.
Por: Cada Minuto